Amar e ser amada, um desejo universal. Um anseio profundo da alma - compartilhado inclusive por quem não acredita em alma. Uma necessidade quase física, uma fome, uma sede.
Por que, então, parece tão difícil realizar-se no amor?
Se você é uma mulher brasileira, cisgênera, heterossexual, no século XXI, dá para simplificar a resposta em uma só frase:
Porque a cultura te ensinou que o amor está sempre atrelado ao sofrimento.
O sofrimento ao perceber que aquela pessoa não corresponde ao que você idealizou.
O sofrimento de arcar com a responsabilidade afetiva do relacionamento como um todo, mesmo quando a outra pessoa corresponde ao que você idealizou.
O sofrimento ao ter que renunciar aos prazeres da vida "de solteira" para comprometer-se com um ideal de relacionamento que não costuma deixar alternativa,
e o sofrimento de renunciar ao prazer quando está solteira, também, pois tudo gira em torno de provar seu valor até "merecer" um relacionamento.
E você está cansada de sofrer.
E ninguém nunca te contou que o sofrimento não é o caminho para o amor.
Mas, ao tentar desistir do amor... você também sofre.
E você descobre que não adianta decidir abandonar a busca pelo amor. Que essa decisão pode até trazer um pouco de paz, mas ela é completamente provisória.
O problema é que a mulher está acostumada a sofrer. A mulher é "emotiva demais" e não pode expressar seus desejos, como na armadilha de Eva. A mulher é responsável por cuidar dos outros e não pode colocar a si mesma em primeiro lugar.
A mulher precisa provar constantemente o seu valor, pela sua capacidade de sofrer.
Assim se cria um círculo vicioso, em que não existe alternativa para a mulher, senão o sofrimento.
É por isso que não basta desenvolver a autoestima para encontrar um amor que valha a pena ser vivido. Não bastam autocuidado, terapia, responsabilidade para consigo mesma.
É claro que tudo isso é fundamental - e dessa parte você já sabia. O que não sabia ainda é que amor é liberdade.
Por isso, nenhuma mulher pode conhecer o amor se não conhece a liberdade. E não existe liberdade para a mulher nesse papel social de sofrer em que ela foi colocada.
A libertação da mulher é o primeiro passo fundamental para encontrar o amor. E é essa a nossa missão no Sagrado Coletivo.